Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de transmiti-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de transformar energia química em energia mecânica.

O músculo vivo é de cor vermelha, essa coloração avermelhada das fibras musculares se deve à mioglobina, proteína semelhante à hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos, que cumpre o papel de armazenar o oxigênio proveniente da circulação para o metabolismo oxidativo. Os músculos representam 40-50% do peso corporal total. 

Funções dos Músculos

Produção dos Movimentos Corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.

Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabiliza as articulações e participam da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé ou sentar.

Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos (esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.

Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos sanguíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do sangue para o coração.

Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor liberado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal. 

Grupos Musculares, em número de nove. São eles:

  • Cabeça; 
  • Pescoço; 
  • Tórax; 
  • Abdome; 
  • Região Posterior do Tronco; 
  • Membros Superiores;
  • Membros Inferiores;
  • Órgãos dos Sentidos;
  • Períneo;

Classificação dos Músculos

Quanto a Situação

Superficiais ou Cutâneos: Estão logo abaixo da pele e apresentam no mínimo uma de suas inserções na camada profunda da derme. Estão localizados na cabeça (crânio e face), pescoço e na mão (região hipotenar). 

Exemplo: Platisma

Profundos ou Subaponeuróticos: São músculos que não apresentam inserções na camada profunda da derme, e na maioria das vezes, se inserem em ossos. Estão localizados abaixo da fáscia superficial. 

Exemplo: Pronador quadrado

Quanto à Forma

Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os mais superficiais são os mais longos, podendo passar duas ou mais articulações.

 Exemplo: Bíceps braquial

Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca amplitude, o que não exclui força nem especialização. 

Exemplo: Músculos da mão

Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das grandes cavidades (tórax e abdome). 

Exemplo: Diafragma

Quanto à Disposição da Fibra:

Reto: Paralelo à linha média. 

Ex: Reto abdominal

Transverso: Perpendicular à linha média. 

Ex: Transverso abdominal

Oblíquo: Diagonal à linha média. 

Ex: Oblíquo externo

Quanto à Origem e Inserção

Origem: Quando se originam de mais de um tendão. 

Ex. Bíceps, Quadríceps

Inserção: Quando se inserem em mais de um tendão. Ex: Flexor Longo dos Dedos

Ex: Flexor Longo dos Dedos

Quanto à Função

Agonistas: São os músculos principais que ativam um movimento específico do corpo, eles se contraem ativamente para produzir um movimento desejado. Ex: Pegar uma chave sobre a mesa, agonistas são os flexores dos dedos.

Antagonistas: Músculos que se opõem à ação dos agonistas, quando o agonista se contrai, o antagonista relaxa progressivamente, produzindo um movimento suave. Ex: idem anterior, porém os antagonistas são os extensores dos dedos.

Sinergistas: São aqueles que participam estabilizando as articulações para que não ocorram movimentos indesejáveis durante a ação principal. Ex: idem anterior, os sinergistas são estabilizadores do punho, cotovelo e ombro.

Fixadores: Estabilizam a origem do agonista de modo que ele possa agir mais eficientemente. Estabilizam a parte proximal do membro quando se move a parte distal.

Quanto à Nomenclatura

O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:

Ação: Extensor dos dedos.

Ação Associada à Forma: Pronador Redondo e Pronador Quadrado.

Ação Associada à Localização: Flexor Superficial dos Dedos.

Forma: Músculo Deltoide (letra grega delta).

Localização: Tibial Anterior.

Número de Origem: Bíceps Femoral e Tríceps Braquial.

Tipos de Músculos

Músculos Estriados Esqueléticos: Contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio óptico.

Músculos Lisos: Localizado nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade abdômino-pélvica. Ação involuntária controlada pelo sistema nervoso autônomo.

Músculo Estriado Cardíaco: Representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém involuntário – AUTO RITMICIDADE.

Principais Componentes Anatômicos dos Músculos Estriados

a) Ventre Muscular é a porção contrátil do músculo, constituída por fibras musculares que se contraem. Constitui o corpo do músculo (porção carnosa).

b) Tendão é um elemento de tecido conjuntivo, ricos em fibras colágenas e que serve para fixação do ventre, em ossos, no tecido subcutâneo e em cápsulas articulares. Possuem aspecto morfológico de fitas ou de cilindros. 

Tipos de Contrações

Contração Concêntrica: o músculo se encurta e traciona outra estrutura, como um tendão, reduzindo o ângulo de uma articulação. Ex: Trazer um livro que estava sobre a mesa ao encontro da cabeça.

Contração Excêntrica: quando aumenta o comprimento total do músculo durante a contração. Ex: idem anterior, porém quando recolocamos o livro sobre mesa.

Contração Isométrica: servem para estabilizar as articulações enquanto outras são movidas. Gera tensão muscular sem realizar movimentos. É responsável pela postura e sustentação de objetos em posição fixa. Ex: idem anterior, porém quando o livro é sustentado em abdução de 90°. 

Fadiga muscular

Quando uma pessoa realiza um esforço muscular muito intenso, é comum ela ficar cansada e sentir dores na região muscular mais solicitada. É a fadiga muscular, que ocorre por causa do acúmulo de ácido lático no músculo.

Em situação de intensa atividade muscular, os músculos estriados esqueléticos necessitam de muita energia. 

Essa energia é obtida pela “queima” de alimento com o uso de gás oxigênio. Mas, nesse caso, parte da energia necessária para a atividade muscular é obtida também por um tipo de fermentação, um mecanismo de “queima” de alimento sem utilização gás oxigênio. A fermentação que ocorre no músculo é chamada fermentação láctica, pois gera ácido láctico como produto final. Após um período de repouso, o ácido láctico presente no músculo da pessoa é “queimado”, e as dores musculares desaparecem. 

Fibras Musculares

A massa muscular do corpo humano é composta por dois tipos principais de fibras musculares que são as vermelhas e as brancas. As fibras vermelhas são também chamadas de Tipo I ou de contração lenta e as brancas de Tipo II ou de contração rápida. A classificação das fibras foi feita por pesquisadores através das suas características contráteis e metabólicas.

Fibras de contração lenta (Tipo I) 

  • Sistema de energia utilizado: AERÓBICO;
  • Contração muscular lenta;
  • Capacidade oxidativa (utiliza o oxigênio como principal fonte de energia);
  • Coloração: Vermelha (devido ao grande número de mioglobina e mitocôndrias);
  • São altamente resistentes à fadiga;
  • São mais apropriadas para exercícios de longa duração;
  • Predomina em atividade aeróbicas de longa duração como natação, corrida.

Fibras de contração rápida (Tipo II) 

  • Sistema de energia utilizado: ANAERÓBICO;
  • Alta capacidade para contrair rapidamente (a velocidade de contração e tensão gerada é 3 a 5 vezes maior comparada às fibras lentas);
  • Capacidade glicolítica (utiliza a fosfocreatina e glicose);
  • Coloração: Branca;
  • Fadigam rapidamente;
  • Gera movimentos rápidos e poderosos;
  • Predomina em atividades anaeróbicas que exigem paradas bruscas, arranques com mudança de ritmo, saltos. Ex.: basquete, futebol, tiros de até 200 metros, musculação, entre outros. 

Os dois tipos estão presentes em todos os grupos musculares do organismo, no entanto, há o predomínio de um tipo sobre o outro dependendo do músculo e de fatores genéticos. Durante uma partida de futebol, por exemplo, ambos os tipos de fibra contribuem para a execução do movimento, o que difere é o número de unidades motoras (junção de inúmeras fibras musculares) de cada tipo que serão recrutadas.

No caso, do atleta precisa dar um arranque para não deixar a bola sair ou saltar para cabecear, as fibras rápidas (tipo II) é que serão enfatizadas pela musculatura envolvida no movimento. Mas, nem por isso, as fibras tipo I ficaram inativas nesse momento. Homens, mulheres e crianças possuem 45% a 55% de fibras de contração lenta nos músculos de membros inferiores e superiores. Não há diferenças sexuais, porém a distribuição das fibras varia de indivíduo para indivíduo.

No atletismo, por exemplo, é fácil perceber a diferença. Atletas que correm longas distâncias possuem predominantemente fibras de contração lenta (90% a 95% no músculo gastrocnêmio, popular panturrilha) e os velocistas fibras de contração rápida. Já os atletas que competem em provas de meio-distância possuem percentuais aproximadamente iguais dos dois tipos de fibra.

O principal fator que influencia nessa variação do tipo de fibra muscular entre cada indivíduo é a genética, porém o treinamento físico é capaz de modificar até certo ponto a predominância de cada tipo de fibra muscular. Isso é possível, porque além desses dois tipos, a fibra Tipo II possui uma subdivisão, chamada de fibra intermediária ou Tipo II a que possuem características oxidativas e glicolíticas.

O treinamento físico aeróbico é capaz de estimular a capacidade oxidativa desse tipo de fibra, promovendo ao indivíduo um maior número de fibras capazes de resistir à fadiga, ou seja, as fibras II a adquirem maior característica do Tipo I. A ênfase no treinamento anaeróbico, por outro lado, como treinos de força, estimula a capacidade glicolítica, gerando maior força e potência muscular, porém se tornando menos resistente à fadiga. Apesar de o treinamento físico promover considerável modificação nas fibras musculares, a genética é o principal fator determinante no tipo de fibra que cada pessoa possui.

Por isso, principalmente no ambiente de academias costuma-se dizer que quem nasceu lagartixa jamais será crocodilo, elucidando o fato de algumas pessoas treinarem, mas atingirem um platô no ganho de massa muscular (hipertrofia muscular) em determinado momento. Fatores hormonais, neurais, nutricionais e ambientais também influenciam no desempenho de cada pessoa. O importante é saber que seu corpo é único e sempre terá respostas diferentes ao treinamento em comparação ao de outra pessoa. A variação na distribuição e número de fibras musculares é apenas uma das diversas diferenças no organismo de cada um.